finale 2011

10 maneiras de se Criar Música

Existem muitos caminhos e formas de se criar música. Esperar a “inspiração” cair em seu colo prontinha certamente não é a única, nem muito menos a melhor opção. Compositores de diversos gêneros musicais se valem de diferentes formas de se buscar ideias, além de diferentes ferramentas para se registrá-las. Vejamos algumas possibilidades:

1 – Compondo direto na Partitura – usando-se o ouvido interno para criar idéias musicais e registrando-as na partitura com auxílio de lápis e papel. Essa é uma abordagem mais “tradicional”, muito usada pelos compositores até advento das tecnologias de gravação.

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Requer: Conhecimento de leitura e escrita de partituras e, de preferência um bom ouvido interno.

Vantagens: Pode lhe proporcionar uma visão privilegiada de sua composição, especialmente se tiver a intenção de se escrever um arranjo mais elaborado ou intricada textura orquestral, com diversos instrumentos atuando em diferentes funções. Além disso, o fato de se estar usando somente o ouvido interno pra compor, sem auxílio de nenhum tipo de recurso tecnológico, isso poderá aguçar bastante sua percepção musical ao longo do tempo.

Desvantagens: Pode ser uma maneira mais demorada de compor a depender de sua prática em relação à escrita musical.

 

2 – Compondo em um Software de notação musical como o FinaleSibeliusNotion, entre outros, usando-se o ouvido interno como fonte de criação de ideias.

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Requer: Conhecimento de leitura e escrita de partituras e saber como editar partituras nesses programas, aprendendo como operá-los.

Vantagens: Compor mais rápido a depender de seu conhecimento e prática do software (usando-se atalhos e teclados MIDI). 

Desvantagens: Tendo esses softwares de notação musical o recurso de se poder ouvir tudo (ou quase tudo) aquilo que se escreve neles a qualquer momento, o compositor pode ficar condicionado a querer ouvir tudo o que se escreve. Tornando assim o processo de criação lento, além de se criar uma referência não muito confiável daquilo que irá soar na performance com instrumentos e intérpretes reais, já que se trata de uma música “dura” executada por uma máquina, que não leva em conta as limitações do próprio instrumento. Esses softwares apresentam ainda algumas limitações especialmente em relação à “escrita contemporânea” composicional (da qual envolve gráficos, sinais específicos, blocos de segundos etc), tendo-se de “adaptar” esse tipo de escrita nos programas, tornando o processo de criação até mesmo mais lento do que na partitura escrita à mão em alguns casos.

3 – Criar direto no instrumento através de improvisações, sejam elas sobre playbacks criados previamente ou improvisações “livres” – sem o auxílio de playbacks, simplesmente improvisando até “se esbarrar” em alguma ideia musical interessante que possa ser desenvolvida.

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Requer: Nível mínimo de técnica no instrumento e noção teórica/prática de Improvisação musical.

Vantagens: Pode ser uma maneira rápida e prática de se compor, especialmente se tiver com sua técnica e improvisação afiadas.

Desvantagens: O resultado pode ser sempre melodias e acordes com sonoridades bem características e “parecidas” já que, por estarmos compondo diretamente em nossos instrumentos, tendemos a usar certos clichês e idiomatismos daquele instrumento, com base também em suas próprias limitações (como escrever somente notas que estejam dentro da extensão daquele instrumento, por exemplo).

4 – Solfejando ou cantando ideias – podendo gravar sua voz, caso não queira perder nenhum detalhe, através de um gravador de voz ou aplicativo em Smartphone) e trancrevendo as ideias “cantadas” para o instrumento ou diretamente para a partitura ou software de gravação.

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Requer: Nível mínimo de percepção musical para conseguir transcrever essas ideias musicais, seja para o papel, ou software de notação ou para o instrumento.

Vantagens: Forma bem intuitiva e rápida de se compor, da qual costuma gerar ideias musicais bem espontâneas e cantáveis. Além de se uma maneira eficiente de se desenvolver mais a Percepção Musical.

Desvantagens: Poderá limitar suas ideias musicais às suas próprias limitações vocais (extensão, velocidade, articulações etc).

5 – Compor direto em softwares de gravação, tais como Pro ToolsLogicCubaseNuendoSonar, entre tantos outros, sem necessariamente utilizar seus recursos “prontos”, criando-se do zero.

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Requer: Conhecimento de como se operar esses Softwares.

Vantagens: Possibilidade de se desenvolver uma maneira mais prática e rápida de se compor (podendo ser útil em situações em que deve se criar e gravar rapidamente trilhas sonoras e jingles para se entregar a um cliente, por exemplo). Poder compor e gravar suas ideias já gerando o áudio pronto para mixar pode se considerar uma grande praticidade.

Desvantagens: Ficar limitado ao seu conhecimento e praticidade acerca dos recursos e sonoridades oferecidos pelo Software para criar. Além disso, o fato de esses softwares oferecerem diversos recursos para a mixagem e finalização do áudio, isso pode acabar gerando uma certa ansiedade para se ouvir logo o resultado final do áudio, distraindo o compositor do processo de criação.

6 – Compor direto em Softwares de Gravação através da combinação de Loops pré-estabelecidos de Instrumentos Virtuais ou mesmo Samples oferecidos pelo próprio software de gravação. Podendo ser por exemplo, loops de bateria “prontos”, dos quais servem como um bom ponto de partida para a criação, combinando-se a outros elementos “prontos” ou criados e modificados pelo compositor.

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Requer: Conhecimento de como se operar esses Softwares e um bom acervo de sons para serem combinados e recriados, sejam eles samples, loops e instrumentos virtuais. 

Vantagens: Representa uma maneira bem prática e rápida de compor que pode ser útil em algumas situações (Prazos muito curtos de entrega de trabalhos, estímulo e referências para início do processo de criação, por exemplo).

Desvantagens: O Compositor acaba ficando limitado aos recursos oferecidos pelo software, além de se distanciar um pouco mais de uma sonoridade original e “autêntica”, caso se limite a simplesmente sair montando, combinando e pouco modificando essas sonoridades “prontas”.

7 – Experimentando e “Brincando” com Instrumentos Virtuais e Sonoridades em Aplicativos para dispositivos móveis (Ipad, Android etc), especialmente  PAD’s/Drones (instrumentos com notas de longa duração, ataque longo cujo som vai se modificando conforme é sustentado) e instrumentos bem ritmados, servindo de base e inspiração para a criação e combinação de novas camadas e ideias musicais.

Requer: Dispositivo móvel com aplicativos de música instalado e o mínimo de prática para operá-los.

Vantagens: Oferece uma maneira bem divertida e lúdica de se criar música, podendo também ser interessantes para crianças. Além disso, compor em dispositivos que têm uma grande mobilidade, dá ao compositor liberdade de se criar em qualquer lugar basicamente.

Desvantagens: Ficar limitado aos recursos oferecidos pelo aplicativo e dificuldades em se interar e sincronizar com outros materiais musicais criados em outros programas e dispositivos.

8 – De forma analítica, planejando-se antes mesmo de se escrever ou gravar a primeira nota musical alguns ou mesmo todos os conceitos e ideias musicais a serem aplicados em sua Composição. Tais como escalas, acordes, cadências, instrumentação, orquestração, forma da música, contorno de melodias etc. Esse planejamento pode ser feito apenas para o desenvolvimento inicial da composição assim como para toda a sua duração.

Processos Composicionais Audio Game Breu

Processos Composicionais Audio Game Breu

Requer: Um bom conhecimento de Teoria e prática de Análise Musical para se entender e aplicar diferentes conceitos musicais desejados.

Vantagens: O resultado sonoro pode ser inovador já que você poderá estar explorando (conscientemente) ideias musicais e conceitos que intuitivamente possivelmente não chegaria a explorar. Além disso, o fato do compositor estar consciente do material sonoro/musical utilizado, possibilitará replicar aquele resultado em futuras composições com uma certa facilidade (por estar consciente do processo de criação e do material aplicados).

Desvantagens: Esse procedimento pode gerar como resultado uma composição “dura”, muito “didática” talvez. 

9 – Usando a técnica de Re-Sampling, que consiste em se re-criar todo o tipo de sons, sejam sons pré-gravados de instrumentos, sons ambientes ou até mesmo instrumentos virtuais, usando diversos tipos de processamento, tais como transposições, filtros, efeitos, sons reversos etc, criando novas sonoridades que muitas vezes tornam irreconhecíveis os sons “originais”.

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Requer: Conhecer bem os recursos oferecidos pelos softwares de gravação, especialmente os recursos de “Sample Editing”.

Vantagens: Uma ferramenta interessante para se criar diferentes e inusitadas texturas musicais seja à partir de sons eletrônicos, ambientes, sons de instrumentos etc. As possibilidades são infinitas.

Desvantagens: Não consigo pensar em nenhuma a não ser, de repente num caso extremo, o compositor acabar se condicionando a criar somente usando essa ferramenta, deixando de exercitar a criação “à partir do zero”, sempre dependendo de algum elemento musical pré-existente para se criar algo.

10 – Utilizar uma abordagem “Híbrida” ou “Mista” combinando quaisquer possibilidades citadas acima. Podendo, por exemplo, compor uma ideia inicial atraves de um solfejo (improvisando ideias com a voz). Daí então, desenvolver essa ideia através de improvisos no instrumento e “rechear” sua composição com arranjos e loops criados diretamente no programa de gravação. As possibilidades são infinitas.

Requer: Conhecimentos e técnicas necessários de todos procedimentos de criação que deseja aplicar e combinar.

Vantagens: Uma maior flexibilidade e versatilidade em relação às diferentes formas de se compor, podendo criar não importa o seu nível de inspiração no momento, tempo ou ferramentas disponíveis.

Desvantagens: Não consigo pensar em nenhuma. Essa sempre será minha estratégia predileta: Mente aberta em relação às possibilidades de processo de criação para cada obra. 

E você, como costuma criar Música? Quais as maiores dificuldades encontra na hora de compor? Deixe seu comentário…

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